
Estou dando passos gasosos e líquidos após ler poemas do mato-grossense Manoel de Barros. Após um mergulho em seu livro “O Guardador de Águas”, o leitor perde a conexão com o concreto, com a pedra, com o chão. A gente vira só cabeça e asa, os olhos só sabem olhar para baixo, pois Manoel de Barros é um poema sem densidade, sem gravidade. Ele escreve em uma oitava acima do supersônico.
Eu leio os poemas de Manoel de Barros e me sinto dopado, anestesiado. Tudo fica mais leve, eu me desloco e fico quase louco. Não se passa incólume por versos como estes:
“Quando chove nos braços da formiga, o horizonte diminui”.
“A quinze metros do arco-íris, o sol é cheiroso”.
Ou ainda: “Escrever acende os vaga-lumes”.
Depois de ler “O Guardador de Águas”, eu preciso reaprender a andar. E o remédio para os versos de Manoel de Barros é a poesia do João Cabral de Melo Neto. Vou passar a me educar pela pedra. Adoro poesia. E recomendo a você, que lê o meu blog, a leve lírica do Pantanal deste poeta encantado.
English – I keep taking gaseous and liquid steps after reading Manoel de Barros’ poems. After delving into his book “O Guardador de Águas” (“The Water Keeper”), the reader loses their connection with the concrete, with the stone, with the ground. We lose our body, which is reduced to our heads and our wings; our eyes can only look down, because Manoel de Barros is a poem without density, without gravity. He writes in an octave above the supersonic.
I read Manoel de Barros’ poems and I feel stoned, anesthetized. Everything gets lighter, I move around and I’m almost high. One does not feel indifference reading lines like these:
“When it rains in the ant’s arms, the horizon narrows.”
“Fifteen meters from the rainbow, the sun is fragrant”.
“Writing turns on fireflies”.
After reading “O Guardador de Águas” (“The Water Keeper”), I need to relearn how to walk. And the medicine for Manoel de Barros’ lines is the poetry by João Cabral de Melo Neto. I will start to educate myself by the stone. I love poetry. And I recommend to you, who reads my blog, the light lyric poems from the Pantanal area by this enchanted poet.
Fiquei curioso. Vou buscar conhecer mais.
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Vale a pena, Dani. Uma leitura inspiradora.
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Em ter., 1 de dez. de 2020 às 14:37, Anderson Borges Costa site oficial escreveu:
> andersonborgescosta posted: ” Estou dando passos gasosos e líquidos após > ler poemas do mato-grossense Manoel de Barros. Após um mergulho em seu > livro “O Guardador de Águas”, o leitor perde a conexão com o concreto, com > a pedra, com o chão. A gente vira só cabeça e asa, os olhos s” >
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I Willllll!
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