A crônica de uma casa de horrores/The Chronicle of a House of Horrors

CRÔNICA DA CASA ASSASSINADA - - Grupo Companhia das Letras

Uma crônica é um texto curto e leve que trata de acontecimentos corriqueiros do cotidiano e que, por isso, geralmente têm uma “vida curta”. No entanto, acabo de ler um livro que, apesar de receber a palavra “crônica” no título, nada tem de curto, de cotidiano, nem de superficial. O romance “Crônica da Casa Assassinada”, do mineiro Lúcio Cardoso, é o oposto do que se entende por crônica: é denso, pesado, com personagens desequilibrados psicologicamente e, justamente por tudo isso, um livro delicioso.

Lúcio Cardoso enfatiza neste enredo que o ser humano é complexo e difícil de ser explicado com coerência. A trama acompanha a outrora rica família Meneses, donos de uma casa grande onde se passa toda a história: três irmãos decadentes que não se dão muito bem e que moram juntos na casa herdada dos antepassados ricos. Hoje, já não mais abastados, acompanham a deterioração de suas vidas em paralelo com o desgaste da casa que habitam. Traições amorosas, ciúmes, incesto e morte: estes são os ingredientes que temperam os cômodos desta casa. É uma longa e perturbadora crônica (quase 600 páginas), escrita por um autor cuja vida não foi menos tranquila do que a história que narra neste imperdível romance.

English – A chronicle is a short and light text that deals with commonplace events in everyday life and, therefore, generally has a “short life”. However, I have just read a book that, despite having the word “chronic” in its title, is not at all short, everyday, or superficial. The novel “Chronicle of the Murdered House”, by Lúcio Cardoso, from Minas Gerais, is the opposite of what is meant by a chronicle: it is dense, heavy, with psychologically unbalanced characters and, for all that, a delicious book.

Lúcio Cardoso emphasizes in this story that the human being is complex and difficult to be explained with coherence. The plot follows the formerly rich Meneses family, owners of a large house where the whole story takes place: three decadent brothers who don’t get along very well and who live together in the house inherited from their wealthy ancestors. Today, no longer wealthy, they accompany the deterioration of their lives in parallel with the wear and tear of the house they inhabit. Love betrayals, jealousy, incest and death: these are the ingredients that spice up the rooms in this house. It is a long and disturbing chronicle (almost 600 pages), written by an author whose life was no less peaceful than the story he narrates in this must-read novel.

Publicado por Anderson Borges Costa

Anderson Borges Costa, brasileiro, é autor dos romances “Rua Direita” (Chiado, 2013), “Avenida Paulista, 22″ (Giostri, 2019) e do livro de contos “O Livro que não Escrevi” (Giostri, 2016 – do qual, um dos contos foi traduzido para o inglês no Canadá), além das peças teatrais “Quarto Feito de Cinzas” (traduzida para o italiano para ser apresentada na Itália), “Elevador para o Paraíso” e “Três por Quarto”. Premiado no Prêmio Guarulhos de Literatura (categorias Livro do Ano e Escritor do Ano) e no Concurso Literário do Instituto Federal São Paulo. É coordenador do Departamento de Português da escola internacional Saint Nicholas, em São Paulo, onde também atua como professor de Português e de Literatura Brasileira. É professor de Inglês no curso Cel Lep. Formado e pós-graduado pela Universidade de São Paulo em Letras (Português, Inglês e Alemão), é crítico literário e resenhista de livros para várias revistas de arte e literatura, como a “Germina”, onde assina a coluna “Adrenalina nas Entrelinhas”. É paulistano e nasceu em 29 de janeiro de 1965. Participou do último filme da diretora Anna Muylaert, “Mãe só há uma”, fazendo uma figuração como o professor de literatura do protagonista.

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