Os Contos do Moçambicano Mia Couto escondem um mundo que levita/Mozambican Mia Couto ́s short stories hide a world that levitates
O escritor moçambicano Mia Couto é um construtor de esconderijos. O mais popular autor de seu país escreve em português, uma língua que se esconde entre tantas outras nesta sofrida terra na costa leste africana. Em português, Mia Couto escreve segredos, que ele faz questão de esconder dentro de contos. Mia Couto escreve contos em prosa. Uma prosa que se disfarça de parágrafos. Mas o que Mia Couto realmente faz é escrever poesia em parágrafos, versos em histórias, estrofes em contos que são verdadeiros poemas. Dizer que Mia Couto escreve em prosa poética é omitir que ele escreve poemas que se escondem dentro de uma prosa em trevas.
Seu livro “Contos do Nascer da Terra” mantém vivo o estilo consagrado de Mia, com enredos de personagens fantásticos, narrados com neologismos que são tecidos com palavras que deslocam o sentido original para apontá-las para um destino escuro e infinito, sugerindo metáforas que devolvem seu sentido original. Mia Couto esconde uma palavra atrás dela mesmo.
Os trinta e cinco contos deste livro são um convite para o leitor levitar em histórias de personagens que amam, que traem, que sofrem, que morrem e que pensam que viver é muito perigoso. Leitura para quem gosta de flutuar na terra.
English – Mozambican writer Mia Couto is a builder of hiding places. The most popular author in his country writes in Portuguese, a language hidden among so many others in this long-suffering land on the East African coast. In Portuguese, Mia Couto writes secrets, which he makes a point of hiding inside stories. Mia Couto writes short stories in prose. A prose that disguises itself as paragraphs. But what Mia Couto really does is write poetry in paragraphs, verses in stories, stanzas in short stories that are true poems. To say that Mia Couto writes in poetic prose is to omit that he writes poems that are hidden within a prose in darkness.
His short story book “Contos do Nascer da Terra” (“Tales from the Earthrise”) keeps Mia’s acclaimed style alive, with plots of fantastic characters, narrated with neologisms that are woven with words that displace the original meaning to point them towards a dark and infinite destiny, suggesting metaphors that recover their original meaning. Mia Couto hides a word behind itself.
The thirty-five short stories in this book are an invitation for the reader to levitate on stories of characters who love, who betray, who suffer, who die and who think that living is very dangerous. This is a book for those who like to float on Earth.
Anderson, estas são reviews que de fato fazem a gente querer ler o autor, os livros e sentir o mesmo que vc sentiu. Um abração
Cris
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Cris, que bom que os comentários que posto tocam você. Grande beijo!
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