Acabo de assistir na Netflix à primeira (e, por enquanto, única) temporada da série “Expresso do Amanhã” (no original, “Snowpiercer”). Trata-se de uma série cujo título em português já aponta para o tempo e para o espaço. “Expresso” remete à rapidez; “Amanhã”, ao futuro. O futuro tem pressa e caminha em alta velocidade contra o tempo. É uma distopia, na qual os únicos sobreviventes de um planeta Terra congelado e inabitável vivem em um trem, que não para de dar voltas (revoluções) ao redor do planeta, sobre trilhos escondidos sob a incessante neve. A palavra “revoluções”, com seu sentido geográfico e político, ganha força no simbolismo do trem. O cenário externo totalmente branco contrasta com as cores e os dramas vividos dentro do trem: 1.001 carros habitados por primeira, segunda e terceira classes, além da parte traseira do trem (clandestinos, que tentam ter acesso às outras classes do trem).
É uma metáfora para uma sociedade desigual, na qual pobres servem os mais privilegiados, onde há fome, violência, riqueza e miséria. E muita disputa de poder. Baseado no longa homônimo (dirigido pelo sul-coreano Bong Joon Ho, de “Parasita”), a série conta com um bom e multitalentoso elenco ( o rapper Daveed Diggs, a cantora Lena Hall e a modelo Annalise Basso). Assistir a “Expresso do Amanhã” é descobrir-se passageiro de um trem prestes a descarrilar. Vale evocar a música da Legião Urbana: “Que país é esse?”. A segunda temporada promete.
Perfeito, Andy! E humildemente acrescentaria que o caos congelante desesperadamente branco que o mundo se tornou também representa uma metáfora, ou mesmo uma predição, da emergência climática que vivemos.
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Existe o filme o Expresso do Amanhã na Amazon.
A direção é do coreano Bing Joon-ho, diretor do vencedor do Oscar Parasita
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Isso mesmo, Marcia: o filme e a séria dialogam bastante com o “Parasita”.
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Muito bom!
Penso que agora vou ter de ver mais filmes, rs.
Ouvi comentários sobre o “Parasita,” mas ainda não vi.
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Gosto muito da maneira com que você vai traçando um paralelo entre as letras de Cazuza e o cenário atual. É uma comprovação “científica” da atualidade dele. Parabéns!
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