Uma série da Netflix que é um soco na boca e no olho do estômago/A Netflix series which prevents you from sleeping

Olhos que Condenam - Série 2019 - AdoroCinema

Quem acompanha os meus comentários neste blog já percebeu que eu raramente deixo de ler um livro até o fim ou desisto de assistir a uma série antes do último episódio da última temporada. No entanto, eu quase não cheguei ao final do primeiro episódio de uma série da Netflix que me incomodou demais. “Olhos que condenam”  é uma série inspirada em fatos. Não recomendo que vocês a assistam após o jantar. Ele embrulha o estômago. Cinco jovens são injustamente acusados de estuprar uma jovem no Central Park, em Nova Iorque. Pretos, pobres e moradores do Harlem. Poderiam ser pretos, pobres e moradores de Paraisópolis. Lá, como aqui. A mesma pontada no estômago. Injustiça, preconceito e violência. Assistir a “Olhos que Condenam” é olhar para o nosso rosto no espelho. E é descobrirmos que somos feios, muito feios. Os olhos que condenam do título são os nossos próprios olhos. Respirei fundo, pausei algumas vezes e segui até o fim. Ainda estou seguindo uma dieta só de folhas e frutas, até que meu estômago se recupere.

English: If you usually read the posts in this blog, you have noticed that rarely do I quit reading a book before its end or stop watching a series in the first episode of its first season. However, I almost did not finish watching the first episode of the Netflix series “When They See Us”. It made me feel disturbed and upset. Five boys are unfairly accused of raping a young lady in Central Park, New York. Black, poor boys from Harlem. They could as well be black, poor Brazilian boys from Paraisópolis. Far away, so close. “When They See Us” – when they see US, they also see Brazil. Watching this series is like looking in the mirror. And realize how ugly we are. I took a deep breath, paused here and there and then moved on to the end of the first episode. Did the same thing in the four episodes. I struggled to finish one of the most painful series I have ever watched. I recommend you get a relaxing place on the sofa and watch it with an empty stomach. Otherwise your digestion might upset you. But do not go to bed without “When they see us”.

Publicado por Anderson Borges Costa

Anderson Borges Costa, brasileiro, é autor dos romances “Rua Direita” (Chiado, 2013), “Avenida Paulista, 22″ (Giostri, 2019) e do livro de contos “O Livro que não Escrevi” (Giostri, 2016 – do qual, um dos contos foi traduzido para o inglês no Canadá), além das peças teatrais “Quarto Feito de Cinzas” (traduzida para o italiano para ser apresentada na Itália), “Elevador para o Paraíso” e “Três por Quarto”. Premiado no Prêmio Guarulhos de Literatura (categorias Livro do Ano e Escritor do Ano) e no Concurso Literário do Instituto Federal São Paulo. É coordenador do Departamento de Português da escola internacional Saint Nicholas, em São Paulo, onde também atua como professor de Português e de Literatura Brasileira. É professor de Inglês no curso Cel Lep. Formado e pós-graduado pela Universidade de São Paulo em Letras (Português, Inglês e Alemão), é crítico literário e resenhista de livros para várias revistas de arte e literatura, como a “Germina”, onde assina a coluna “Adrenalina nas Entrelinhas”. É paulistano e nasceu em 29 de janeiro de 1965. Participou do último filme da diretora Anna Muylaert, “Mãe só há uma”, fazendo uma figuração como o professor de literatura do protagonista.

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